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sábado, 27 de novembro de 2010

Autômatos na história I

Os primeiros exemplos de autômatos têm registro na Etiópia antiga. No ano de 1500 A.C., Amenhotep, irmão de Hapu, constrói uma estátua de Memon, o rei de Etiópia, que emite sons quando a iluminam os raios do sol ao amanhecer
 King-su Tse, na China, em 500 A.C. inventa uma gralha voadora de madeira e bambu e um cavalo de madeira que saltava. Entre 400 e 397 A.C., Archytar de Tarento constrói uma pombinha de madeira suspensa por um pivot, a qual girava com um repuxo d’água ou vapor, simulando o vôo. Archytar é o inventor do parafuso e da polia. No ano de 206 A.C., foi encontrado o tesouro de Chin Shih Hueng Ti que consistia de uma orquestra mecânica de bonecos, encontrada pelo primeiro imperador Han
 No ano 62, Heron de Alexandria descreve mútiplos aparelhos em seu livro Autômata. Entre eles, aves que voam, gorjeiam e bebem. Todos eles foram desenhados como brinquedos, sem maior interesse para dar-lhes aplicação. Entretanto, descreve alguns como o moinho de vento para acionar um órgão, ou um precursor da turbina a vapor, que tinham aplicações práticas.
Em Roma existia o costume de fazer funcionar brinquedos automáticos para deleitar os hóspedes. Trimalco ofereceu em seu famoso banquete, bolos e frutas que remessavam um jato de perfume quando se fazia uma ligeira pressão sobre um dispositivo, em cujo regaço estavam colocados os bolos e as frutas.
A cultura árabe herdou e difundiu os conhecimentos gregos, utilizando-se não só para realizar mecanismos destinados à diversão, como também deu-lhes uma aplicação prática, introduzindo-os na vida cotidiana da realeza. Exemplos desses são os diversos sistemas dispensadores automáticos de água para beber ou lavar-se.
São desse período também outros tipos de autômatos, sobre os quais até nossos dias só tem chegado referências não suficientemente documentadas, como o Homem de Ferro de Alberto Magno (1204 – 1282) ou a Cabeça Falante de Roger Bacon (1214 – 1294). No ano de 1235, Villard d’Honnecourt  escreve um livro que inclui seções de dispositivos mecânicos, como um anjo autômato, e indicações com esboços para a construção de figuras humanas e animais.
Outro exemplo relevante da época foi o Galo de Estrasburgo, que funcionou desde 1352 até 1789. Este é o autômato mais antigo que se conserva na atualidade. Formava parte do relógio da catedral de Estrasburgo e, ao dar as horas, movia o bico e as asas.
 Durante os séculos XV e XVI alguns dos mais relevantes representantes do Renascimento se interessam também pelos engenhos descritos e desenvolvidos pelos gregos. É conhecido o Leão Mecânico construído por Leonardo Da Vinci (1452 – 1519) para o rei Luis XII da França, que abria seu peito com sua garra e mostrava o escudo de armas do rei. Na Espanha é conhecido o Homem de Pau, construído por Juanelo Turriano no século XVI para o imperador Carlos V. Este autômato, com forma de monge andava e movia a cabeça, olhos, boca e braços.
Nos séculos XVII e XVIII criaram-se engenhos mecânicos que tinham alguma das características dos robôs atuais. Esses dispositivos foram criados em sua maioria por artesãos do grêmio da relojoaria. Sua missão principal era a de entreter as pessoas da corte e servir de atração nas feiras. Esses autômatos representavam figuras humanas, animais ou cidades inteiras. Assim, em 1649, quando Luis XIV era criança, um artesão chamado Camus (1576-1626) construiu para ele uma carruagem em miniatura com seus cavalos, seus lacaios, uma dama dentro, sendo que todas as figuras podiam mover-se perfeitamente. Salomão de Camus também construiu fontes ornamentais e jardins agradáveis, pássaros cantores e imitações de efeitos da natureza.
Segundo P.Labat, o general de Gennes construiu em 1688 um pavão que caminhava e comia. Esse engenho pôde servir de inspiração a Jacques de Vaucanson (1709-1782) para construir seu incrível pato mecânico, que foi a admiração de toda Europa. Sir David Brewster,(2) em um escrito de 1868,descreve este pato dizendo que é “a peça mecânica mais maravilhosa que já se tem feito”.  O pato espichava seu pescoço para tomar o grão da mão e logo o engolia e o digeria. Podia beber, chapinhar na água e grasnar. Também imitava os gestos que faz um pato quando bebe com precipitação. Digeria os alimentos por dissolução e esses eram conduzidos por tubos até o ânus, onde havia um esfíncter que permitia evacuá-los.
Vaucanson também construiu vários brinquedos animados, entre os quais destaca-se um flautista capaz de tocar melodias. O engenho consistia em um complexo mecanismo de ar que provocava o movimento de dedos e lábios, como o funcionamento normal de uma flauta. Por instigação de Luis XV, tentou construir um modelo com coração, veias e artérias, porém morreu antes de poder terminar esta tarefa.
Também construiu muitos objetos úteis para a indústria, como uma cadeira para tecelões, porém isto suscitou o desgosto e revolta dos manufaturadores franceses de seda, que o ameaçaram de morte.
O relojoeiro suíço Pierre Jacques Droz ( 1721-1790 ) e seus filhos Henri-Louis e Jaquet construíram diversos brinquedos capazes de escrever (1770), desenhar (1772) e tocar diversas melodias em um órgão (1773). Estes se conservam no Museu de Arte e História de Neuchâtel, Suíça. Pierre Jaquet-Doz foi um brilhante matemático que especializou-se na mecânica aplicada e na arte  da fabricação de relógios e instrumentos para medição do tempo. Com o auxílio de seu filho e filho adotivo, produziu três autômatos, os quais ainda hoje são considerados maravilhas da ciência e da engenharia mecânica. O Escritor, juntamente com outros dois tipos de autômatos de Pierre, ainda existe e está no Museu de Arte e História, na Suíça. O Escritor pode ser programado para escrever até 40 letras, mergulhando sua caneta na tinta e escrevendo cada letra de forma bem clara, e até mesmo pontuar e cortar os “ts”.  Os Maillardet ( Henri, Jean-David, Julien-Auguste, Jacques-Rodolphe ) entre finais do século XVIII e princípios do XIX, constroem um escritor-desenhista, com a forma de uma criança ajoelhada com um lápis em sua mão, escreve em inglês e em francês e desenha paisagens. Constroem um mecanismo “mágico” que responde perguntas e um pássaro que canta em uma caixa.
 Nota: David Brewster (1781-1868) Físico escocês, notável por suas obras experimentais em óptica e luz polarizada. Inventou o caleidoscópio em 1816. Foi eleito como membro da Sociedade Real em 1815 e cavaleiro em 1831.
                                                                                                                

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2 comentários:

  1. Olá Hugo!
    Nossa, eu já adorava os links que você deixava lá na comunidade do Orkut. E agora você cria este blog com histórias e informações muito interessantes!
    Parabéns !!!!!!
    Beijos

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  2. Grato pelos comentários, Sayuri. Seja bem vinda aqui também. Um grande abraço.

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