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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

História dos autômatos II



O primeiro registro dos autômatos apareceu no Egito no século II ou III A.C., através de Ctesibius, renomado engenheiro (o qual desenvolveu o mecanismo de rack e pino e o relógio auto-regulador), Philo, o Bizantino e Hero de Alexandria (285 – 222 A.C.), todos pertencentes a Escola de Alexandria, junto com outros alunos, Euclides e Arquimedes(parafuso de Arquimedes, um parafuso espiralado). O conhecimento que os gregos antigos possuíam sobre engrenagem, mecanismos simples, hidráulicos e pneumáticos formam a base da ciência mecânica para a civilização antiga, alcançando o mundo Bizantino após a queda de Roma (476 D.C.).

Os Bizantinos deixaram seu legado, construindo relógios aquáticos que incorporaram bonecos autômatos, e as inevitáveis máquinas de guerra.

No século XIV, os autômatos começaram a aparecer nos relógios colossais das catedrais em muitas cidades européias. O personagem animado chamado de Jackmarts ou Jack, um serviçal (boneco), era operado mecanicamente, o qual usava um martelo para badalar o sino, surgiu nessa época: martelava um sino de hora em hora. Posteriormente, ao introduziu os quartos de hora, havia um novo Jack para badalá-las.

Durante a Idade Média, toda ciência mecânica era vista com desconfiança e quase sempre confundida com magia negra.  Uma relação complicada de desconfiança foi estabelecida entre a igreja e os automatistas. Entretanto, quando o foco de aprendizagem transferiu-se dos monastérios para a universidade, a nova instituição estabelecida, os cientistas foram capazes de experimentar mais livremente.


 Uma Era de Ouro

Europa

No século XVI, o tratado de Hero de Alexandria sobre pneumática foi traduzido para o latim e subseqüentemente para o italiano e alemão.  Descartes e outros filósofos da Renascença fizeram suas partes em dissipar os preconceitos e falsos juízos sobre os dispositivos mecânicos, porém a paranóia religiosa persistiu até mesmo no século XVIII. 

O mais famoso automatista do século XVIII foi Jacques de Vaucanson (1709 – 82), um nativo de Grenoble na França. Sua criação mais famosa foi um pato mecânico em tamanho real feito de latão dourado, com tubo de borracha flexível, simulando intestinos. O pato não apenas parecia e grasnava como pato mas,  ao ser alimentado com milho,  digeria  e produzia fezes como um pato! Ao final de sua vida, de Vaucanson seguiu um caminho mais sóbrio e distinto como inspetor de Invenções Mecânicas na Academia Real de Ciências, e conseguiu reconhecimento como um das mentes mais significantes do desenvolvimento de autômatos. Os autômatos com forma humana tornaram-se conhecidos como “Andróides”. Produzidos por Vaucanson e outros mestres como Jacquet-Droz, Leschot e Maillardet, esses personagens reproduziam perfeitamente os movimentos humanos de escrever, desenhar ou tocar instrumentos. As peças eram jóias complexas de invenção, que requeriam longas horas de pintura, sendo que os automatistas completariam relativamente poucas peças em vida. Seus propósitos principais eram de imitar a vida através de meio mecânicos; apenas os robôs atuais poderiam  igualar em suas ingenuidades, mas nada poderia igualar ao seus estilos.

Os autômatos do século XIX eram caracterizados pelo idealismo emocional e faziam homenagem aos entretenimentos do dia a dia. Eles eram caros, mesmo após a introdução de métodos de produção de baixo-custo, e não eram destinados às crianças.

Seguindo uma série de vitórias navais durante as guerras napoleônicas, milhares de prisioneiros franceses lotaram as prisões Britânicas. Os habilidosos relojoeiros, artesãos e joalheiros entre eles tiveram que trocar seus serviços pela magra porção de comida para sobreviverem.Os materiais eram limitados, porém havia ossos suficientes nos compartimentos dos navios, o que explica porque tantas peças eram pequenas e brancas     (embora muitas fossem pintadas).

As guilhotinas eram assunto popular, assim como as atividades domésticas e as transações comerciais.

Alguns foragidos conseguiram ganhar dinheiro suficiente com os seus trabalhos para comprar uma passagem de volta à França.

 Assim que a Era Industrial amanheceu, os franceses pareciam relutantes para render suas tradições artísticas à nova tecnologia. Durante a segunda parte do século XIX, entretanto, os trens e barcos a vapor tiveram um enorme efeito nas viagens e comunicação, e o estabelecimento de novos departamentos de lojas afetaram as indústrias de brinquedos mecânicos e autômatos.                                                                 

Declínio      

Ao final da I Guerra Mundial, autômatos elétricos substituíram os modelos a corda nas janelas de exposição elaboradas. Os mecanismos a corda podiam funcionar apenas alguns minutos, mas a ação em uma peça elétrica poderia funcionar ou mesmo repetir ciclos até que a energia fosse desligada. Pedidos de autômatos diminuíram e eles entraram em declínio. Em um mundo que se desenvolvia rapidamente tornava-se extremamente difícil encontrar artesões habilidosos e/ou engenheiros para construí-los.

O declínio foi acelerado quando as leis de importação dos Estados Unidos fizeram embargo aos brinquedos franceses que entravam nos EUA. Para burlar a legislação, certas firmas francesas enviavam os funcionários de suas oficinas para se fixarem no outro lado do Atlântico, mas os autômatos estavam, ao que tudo indica, destinados a desaparecer. Durante a I Guerra Mundial, a França, por si própria, baniu as exportações de brinquedos e isso acarretou uma parada virtual produção.

O dia do autômato caro foi-se com o tempo. Os preços vieram a baixo com a linha de produção, que foi aperfeiçoada para fazer números idênticos de peças, fornecendo entretenimento à classe média a qual havia prosperado, no clima do crescimento financeiro, e que gostavam de exibir as maravilhas mecânicas na sala de visita.  

O crescimento da popularidade dos autômatos permitiu aos inventores exercitar suas ingenuidades e vôos da imaginação, lucrando com os modernos métodos econômicos de manufatura que, não obstante, permitia-lhes manter a qualidade dos produtos artesanais. 

Com o crescimento da indústria dos autômatos, também cresceu a competitividade. Inovação era tudo o que contava no novo mercado competitivo, e o plágio indiscriminado era predominante. Um minúsculo detalhe novo seria suficiente para persuadir um comprador a optar entre comprar este ou aquele autômato.

Após os horrores do conflito, o público não estava mais afim de retornar a luxuosidade antes da guerra, como eram os autômatos, por exemplo. Como o século XIX estabeleceu a Era do Jazz, com todos as suas diversões – gramofone, as figuras móveis e sem fio - a extinção dos autômatos estava virtualmente completa. Apenas brinquedos mecânicos, os quais eram em certos casos versões diminutas de suas relações superiores (autômatos), continuaram a florescer. Eles tinham um apelo às massas, eram acessíveis e estavam em sintonia com o tempo e duram até hoje.


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